Ceará está entre os estados que mais fornecem mão de obra escrava

Quase 120 cearenses foram resgatados de condições degradantes fora do estado, entre 2015 e 2016

O Ceará ocupa hoje a 5ª posição entre os estados brasileiros que mais fornecem mão de obra escrava. O dado é do Observatório Digital do Trabalho Escravo no Brasil, iniciativa de cooperação técnica entre o Ministério Público do Trabalho (MPT) e da Organização Internacional do Trabalho (OIT). Em operações de resgate fora do estado, entre 2015 e 2017, foram identificados 117 trabalhadores cearenses. Outros 99 resgatados são naturais de outros estados, porém declararam residir no Ceará.

Dos cinco estados que mais destinam trabalhadores para atividades análogas à escravidão, quatro são da região nordeste. Entre os brasileiros retirados de condições degradantes de trabalho e/ou jornadas exaustivas, no período, 294 eram nascidos na Bahia. Em seguida, vêm Maranhão (220), Minas Gerais (155), Piauí (145) e Ceará (117). Para o procurador-chefe do MPT-CE, Carlos Leonardo Holanda Silva, fatores como desigualdade de renda e ausência de políticas públicas efetivas para fixação do homem no campo criam condições de vulnerabilidade. "No Ceará, são agravantes o déficit de empregos, a cultura da informalidade na zona rural e as condições climáticas adversas, que facilitam o aliciamento de pessoas por exploradores".

Resgate de 13 trabalhadores na localidade Sítios Novos. Foto: Sérgio Carvalho
Resgate de 13 trabalhadores na localidade Sítios Novos. Foto: Sérgio Carvalho

 

Entre as ocupações mais frequentes, o trabalho na agropecuária tem sido o recordista em situações análogas à escravidão, com 76,6% dos cearenses resgatados em todo país desde 2003, ano de lançamento do Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo. Foram localizados 854 trabalhadores nesta atividade, no total, e outros 74 que atuavam especificamente no corte de bovinos. Sobre o grau de escolaridade, 42,3% eram analfabetos e outros 41,8% tinham até a 5º ano do ensino fundamental.

Em território cearense, a cada dez operações realizadas em média 4,5 resultam em resgate de trabalhadores. Entre 2015 e 2016, o município de Groaíras foi o que concentrou maior número de registros. Foram 26, ao todo. Em seguida vêm Ibiapina (24), Granja (11), Paraipaba (9), Aracoiaba (8) e Fortaleza (3).

As mais recentes operações de combate ao trabalho escravo – realizadas por auditores-fiscais do Trabalho nos municípios de Acaraú e Caucaia, em agosto – resultaram no resgate de 16 pessoas. Na Região Metropolitana, os trabalhadores atuavam no corte de lenha. Já em Acaraú, a atividade era a de extração do pó da palha de carnaúba e extração do pó para fabricação de cera.

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