Ceará define estratégias de proteção à infância para 2018

Ações incluem constituição de comitês municipais e fortalecimento das ações intersetoriais nos municípios

Representantes de 86 cidades do Ceará se reuniram na sede do Ministério Público do Trabalho no estado para elaborar ações estratégicas do programa Resgate a Infância - Eixo Educação a serem implementadas ao longo de 2018. Foi também a oportunidade de troca de experiências – sobre as atividades em andamento nos municípios – entre os coordenadores do Programa de Educação contra a Exploração do Trabalho de Crianças e Adolescentes (Peteca).

A oficina reuniu, ao todo, 117 participantes. Sobre a iniciativa, a educadora Camila Brady destaca a importância da rede de proteção à infância em cidades como Fortaleza, onde o turismo sexual é realidade para centenas de crianças e adolescentes. "Já tivemos o caso de uma aluna que dormia, durante a aula, e aí foi descoberto que a própria mãe levava a criança para prostituição", relata. "Nós educadores temos um papel fundamental. A gente não é só professor. Acabamos fazendo papel de psicólogos, amigos... é muito gratificante ver que podemos fazer a diferença", conclui emocionada. Para a assessora jurídica da Associação para o Desenvolvimento dos Municípios do Estado do Ceará, Marcelha Pinheiro, a metodologia do programa e a forma de mobilização dos atores sociais garantem que a iniciativa siga firme e com resultados concretos, apesar das mudanças de gestão e das equipes municipais. "Não é só uma metodologia jogada para que as pessoas multipliquem ou massifiquem. É um programa que humaniza, que traz para quem participa uma autorreflexão e a partir daí uma reflexão sobre o que eu posso fazer de melhor para os outros", observa.

Além de avaliarem ações realizadas em 2017, os participantes da oficina se dividiram em grupos para planejar as atividades para 2018. Entre os desafios, o procurador Antonio de Oliveira Lima destaca a constituição de comitês municipais de adolescentes e o fortalecimento das ações intersetoriais nos municípios. "Em todo o Brasil, uma questão fundamental é a identificação das crianças e adolescentes em situação de trabalho precoce. É preciso incluí-las nos programas sociais", enfatiza. "Ações de convivência e fortalecimento de vinculo, ações de esporte e cultura, ações de incentivo a aprendizagem profissional, ações por mais educação e educação integral são fundamentais para essas crianças e adolescentes", defende.

No Ceará, o programa comemora dez anos. Nasceu Peteca e ganhou o país com o nome de MPT na Escola. Por meio da arte, alunos da rede pública de norte a sul terão oportunidade de conhecer mais sobre os direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente. "A arte é uma chave, um instrumento para liberdade das nossas crianças e adolescentes", destaca Osmildo Dias, arte educador em São Gonçalo do Amarante. "A gente precisa redescobrir valores se apropriar da realidade em que nossas crianças e adolescentes vivem hoje para só então mudá-la", conclui.

Imprimir