Adolescentes e jovens poderão influenciar eleições deste ano, no Ceará

Com mobilização do Ministério Público do Trabalho, projeto "Saia do Muro" estimula protagonismo entre jovens eleitores

"É importante falar sobre política, pois você tem que ter consciência de quem você vai votar". A fala do estudante Levy Haikonen, de 14 anos, parece senso comum, ainda mais em tempos de disputa eleitoral. Entretanto, uma pesquisa virtual realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revela desconhecimento sobre o tema, entre os jovens no Ceará.

Mais de 1.800 cearenses de 12 a 35 anos cadastrados na plataforma "U-Report" responderam ao um questionário on-line, via Messenger (Facebook) e SMS. A maioria, alunos de escolas públicas de zonas urbanas de 100 municípios do estado. Mais da metade (51%) disse não saber o que são eleições diretas. Já 48% afirmaram não entender o que fazem os representantes do Legislativo e do Executivo. Chamados de "U-reportes", os cadastrados na plataforma somam quase seis mil no Ceará. É terceiro estado brasileiro com maior número de inscritos, atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais.

A pesquisa é o primeiro passo para inserção dos jovens no debate político, por meio da plataforma presente em mais de 40 países. A iniciativa visa promover, durante o período eleitoral, a discussão sobre problemas sociais e garantia de direitos das crianças, adolescentes e de suas famílias. A partir daí será possível aprofundar, entre eles, a visão sobre questões sociais além de oferecer, aos candidatos, as diretrizes para ações previstas nos planos de governo. "Acho que nossa voz, dos adolescentes, está sendo colocada em evidência. Antes não éramos vistos como voz ativa", destaca o estudante Gabriel Hanry (16). "Então, para nós, é muito importante ajudar na construção da plataforma".

Representatividade

O lançamento oficial do "Saia do Muro" foi realizado na sede do Ministério Público do Ceará (MPT-CE), no último dia 14. Além do Unicef – por meio dos Núcleos de Cidadania dos Adolescentes (NUCAs) – outros quatro projetos unem forças em torno da iniciativa: o Programa Nacional contra a Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (PETECA), do MPT-CE, Eu Sou Cidadão, da Associação para o Desenvolvimento dos Municípios do Estado do Ceará (APDMCE), Eleitor do Futuro, do Tribunal Regional Eleitoral, e O Povo na Educação, do Grupo O Povo de Comunicação.

Após a solenidade, estudantes foram divididos em grupos para discutir as pautas do projeto. Eles puderam debater sobre diversos assuntos em evidência, como aborto, machismo, feminicídio, corrupção e transfobia. Para a estudante Kessia Martins (14), é necessário transpor barreiras. "É importante debater e quebrar esses tabus. Não podemos fingir que determinado assunto não existe, sendo que ele está e ocorre no cotidiano da gente", defende. "Conversar ajuda sim a melhorar essas questões", ratifica.

Entre os pontos a avançar está a representatividade feminina na política. Segundo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o total de mulheres registradas pelos partidos para as eleições deste ano ficou próximo ao mínimo exigido por lei. Pela legislação, ao menos 30% dos candidatos aos cargos proporcionais devem ser do sexo feminino. Este ano, do total de candidatos a vagas nas assembleias legislativas, apenas 30,7% são mulheres. Já para Câmara Federal, elas representam 31,59%.

Construção da Cidadania

Caberá ao MPT-CE o papel de mobilizar e estimular o protagonismo juvenil, no estado, por meio de comitês formados por adolescentes. "Buscamos ampliar a participação política e social dos adolescentes, de forma contínua. Essa mobilização constrói uma cidadania, uma democracia participativa", assegura o procurador do MPT Antonio de Oliveira Lima.
Para Cecília Maia (15), a iniciativa é importante para a sociedade. "Acho que se todos os jovens tivessem conhecimento sobre a ferramenta U-Report, boa parte do que se fala na nossa sociedade poderia ser realmente solucionado".

Assessoria de Comunicação MPT-CE
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