Simpósio discute impactos da tecnologia no trabalho

Cerca de 5,5 milhões de brasileiros auferiram rendimentos por meio de cadastramento em plataformas digitais como IFood e Uber, em 2018. É o que revela um estudo apresentado pelo instituto de pesquisa Locomotiva, de São Paulo. Recessão e desemprego são os fatores que têm levado cada vez mais trabalhadores a aderir às plataformas. Para os consumidores, o principal atrativo são os serviços com preços mais baixos.

Procuradora do Ministério Público do Trabalho (MPT), Vanessa Patriota questiona a ideia da autonomia dos trabalhadores que prestam serviços para plataformas digitais, já que eles são distribuídos segundo a demanda e o valor pago pelo serviço é imposto pelas empresas. Os preços baixos trazem um alto custo para o trabalhador. Entre as consequências estão baixos rendimentos, elevadas jornadas, condições precárias de descanso e riscos de acidentes.

"Os efeitos da tecnologia digital na sociedade" foram tema de um dos painéis apresentados durante simpósio da Escola Superior do Ministério Público da União (ESMPU), em Fortaleza. Segundo a procuradora, por trás do manto da modernidade das novas tecnologias escondem-se velhas práticas desumanas. "As condições de trabalho muito se aproximam de um passado longínquo, quando os trabalhadores compareciam à porta da fábrica no aguardo de serviço, aceitando o que lhes era concedido, sem limites à exploração", alerta.

Também compôs o painel o sociólogo e professor da UNICAMP Ricardo Antunes. Autor do livro "O privilégio da servidão", ele pontuou que o futuro do trabalho, tal como vê, é "desesperador, se a ordem que reina hoje em escala global não for alterada". O sociólogo destacou, ainda, temas como a precarização do trabalho e a expropriação do tempo do trabalhador.

No período da tarde, foi exibido o documentário "GIG - A Uberização do Trabalho", produzido pela ONG Repórter Brasil e vencedor do prêmio do público na Mostra Ecofalante de Cinema 2019, seguido de um debate com o procurador Rodrigo Carelli. Fechando a programação, o procurador regional do MPT-CE Gérson Marques conduziu o painel "Sindicalismo na Era Digital". Também professor da UFC, ele destacou os impactos das novas tecnologias na representação sindical e sua pouca utilização pelos sindicalistas, como eleições eletrônicas e assembleias por videoconferência. Para a auditora fiscal do trabalho Solange Nunes, "o tema levantou uma série de reflexões sobre o desamparo dos trabalhadores no novo sistema de economia colaborativa".

Promovido pela ESMPU, o Simpósio "Futuro do trabalho: os efeitos da revolução digital na sociedade" já percorreu sete capitais do país. Em Fortaleza, participaram dos debates procuradores e servidores do MPT, representantes do Tribunal Regional do Trabalho na 7ª Região, da Ordem dos Advogados do Brasil, da Superintendência Regional do Trabalho e do movimento sindical. Os próximos eventos serão dia 05 de setembro, em Recife, e 28 de novembro, em São Paulo. Para informações adicionais, acesse: http://escola.mpu.mp.br.

 

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