Adolescentes superam limitações do isolamento social para atuar em defesa da infância

Encontro virtual sobre trabalho precoce reuniu mais de dois mil brasileiros

Mais de duas mil crianças e adolescentes de todo o Brasil se reuniram na noite da última segunda (15) para o V Encontro de Adolescentes pela Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (Ecapeti). Em formato virtual, o evento capacitou os participantes para a atuação sociopolítica e o protagonismo na luta contra a exploração do trabalho precoce. Foram mais de três horas de trocas de ideias e debates em torno do tema. O vídeo disponível no canal Peteca Brasil, no Youtube, já tem mais de 12 mil visualizações.

No encontro, adolescentes puderam apresentar questionamentos e reflexões sobre a temática em uma roda de conversa mediada pelo procurador do Ministério Público do Trabalho no Ceará (MPT-CE) Antonio de Oliveira Lima e pelo líder ativista Felipe Caetano. Uma das dúvidas foi a do adolescente William Azevedo, do município de Santo Amaro das Brotas, em Sergipe: "Já ouvi muitas pessoas falando que pobre tem que trabalhar pra conseguir o que quer. E por que o filho de rico não tem que trabalhar pra conseguir o que quer?"

Como resposta, Felipe Caetano provocou uma reflexão sobre o "mito da criminalidade pobre", quando as pessoas dizem que a única solução para crianças em vulnerabilidade financeira seria o trabalho. "São todos crianças, são todos adolescentes e todos têm os mesmos direitos; está na Lei", destacou o estudante de Direito. "Acredito que a gente só vai ter uma sociedade menos desigual, uma sociedade mais justa e humana, quando a gente permitir que pessoas, principalmente crianças, possam viver com dignidade", completou ao defender que a educação é o caminho e direito da criança e do adolescente de qualquer classe social.

O encontro também celebrou os cinco anos da criação do primeiro comitê formado por 40 adolescentes de todo o Ceará. Desde então, foram fundados dezesseis comitês estaduais, um nacional e diversos comitês municipais. O protagonismo infantojuvenil é a terceira linha de atuação do Programa de Educação Contra a Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (Peteca), criado em 2008 no Ceará. A iniciativa mobiliza e articula toda rede de proteção à infância no combate ao trabalho precoce. Outros eixos têm sido incorporados à atuação do Programa nos últimos anos, como a linha de incentivo à leitura, por meio do Peteca Literário, em 2020, e a de prevenção da violência contra as mulheres, em 2021.

 

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