Rede Peteca realiza live sobre violência sexual com cerca de 17 mil inscritos

O evento foi transmitido pelo canal da Rede Peteca no Youtube e já conta com mais de 18 mil visualizações

A Rede Peteca promoveu, no dia 11 de maio, o seminário “Boas práticas de prevenção e enfrentamento da violência sexual”, mediado pelo procurador do Trabalho Antonio Lima, e que teve a participação de parceiros com experiência na temática.

O primeiro convidado a falar foi Luiz Guimarães Mesquita, superintendente do Instituto Brasileiro Pro-Educação, Trabalho e Desenvolvimento (ISBET), que trabalha em parceria com o MPT/CE na inclusão no mercado de trabalho de adolescentes em situação de vulnerabilidade e vítimas de violência sexual. Luiz agradeceu o apoio do Ministério Público do Trabalho (MPT) e destacou que o projeto “Integração” atendeu sessenta e oito jovens, em todo o Ceará, por meio do programa Jovem Aprendiz. “A nossa contribuição, apesar de pequena, é aquela que nós estamos dando para refazer, de fato, a vida desses jovens e colocá-los dentro da sociedade de maneira digna”, afirmou.

Diego Martins, coordenador do projeto “Futuro Brilhante”, que já alcançou mais de três mil crianças, foi o segundo convidado da live. Em sua fala, relatou sobre o elevado índice de violência sexual contra crianças e adolescentes, com destaque para o estupro de vulneráveis. Segundo o coordenador, nos últimos quatro anos, houve um total de 10.865 registros desse tipo de crime. Somente no Estado do Pará. Sobre o projeto, ressaltou que é composto por “um grupo de voluntários que fazem, de fato, as ações porque acreditam na causa e querem deixar sua contribuição para termos uma sociedade melhor e, principalmente, mais segura para crianças e adolescentes.”

Na sequência, foi concedida a palavra à adolescente Maria Bianca dos Santos do Nascimento, estudante do ensino médio da cidade de Miraíma. A aluna leu uma poesia de sua autoria em que aborda a temática sobre abuso sexual de crianças e adolescentes. Segundo Bianca, o que a inspirou a escrever foi o fato desse tipo de violência acontecer diariamente.

A outra convidada foi a atriz Aidê Quirino, natural de Sertãozinho (SP), e responsável pelo projeto “Aidéia Cênica”. A atriz conta que, há catorze anos, foi inaugurado o primeiro Centro de Referência de Assistência Social (Creas) em sua cidade. Com a grande demanda local, foi necessário desenvolver um trabalho voltado ao combate à violência sexual de crianças e adolescentes e, assim, surgiu o projeto.

Aidê Quirino disse que foi convidada por um amigo para encenar uma peça em que fosse tratado esse tema delicado e, para isso, foi necessário agregar uma equipe com diversos profissionais. “Nós nos reunimos, foi uma equipe multidisciplinar, não só com artistas, mas também com psicólogos, assistentes sociais, advogados, terapeutas ocupacionais. E nós conseguimos elaborar um texto que não tirasse o foco artístico, mas que também não deixasse de falar sobre a importância desse assunto”.

A outra convidada do evento foi Patrícia Almeida, jornalista e fundadora do projeto “Eu Me Protejo”. Patrícia conta que a iniciativa ocorreu a partir da escrita de um livro para sua filha em que foi abordada a prevenção a todos os tipos de violência. Após conhecer a psicóloga Neuza Maria, cofundadora do projeto e profissional com vasta experiência em atendimento de casos de violência infantil, o “Eu Me Protejo” expandiu. Segundo a jornalista, a cartilha adotada no projeto possui o diferencial de escrita em linguagem simples. “Linguagem simples é um recurso de acessibilidade para pessoas com deficiência intelectual. Então usamos ilustrações que são muito fáceis de entender”, disse.

O procurador Antonio Lima também conversou com a assistente social e ativista da Infância e Adolescência, Danny Duarte. Atualmente, ela é conselheira estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente e já atuou no Centro de Referência da Assistência Social (CRASS) na área de atendimento ao público infanto-juvenil que sofrera algum tipo de violência sexual. Ela ainda acumula experiência no atendimento às famílias de vítimas de violência sexual. “Fui convidada pela ex-secretária da assistência social do estado do Mato Grosso do Sul e coordenei 2.500 famílias. Então, mais uma vez, eu fiquei envolvida com várias situações complexas, situações de múltiplas violências contra as crianças. Mas, em todo esse meio, o que mais me impactou foi a questão da violência sexual de crianças e adolescentes”, declarou.

O procurador do Trabalho Ângelo Fabiano Farias da Costa, Conselheiro do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), também participou do evento online. Fabiano reforçou a importância de se dar atenção às crianças e aos adolescentes brasileiros, principalmente no enfrentamento do abuso sexual. Ele ainda destacou a nova campanha do CNMP que aborda a temática. “Recentemente, o CNMP aderiu a uma campanha de prevenção ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, e o nome da iniciativa é ‘Problema Nosso Sim’. Justamente vem aí em alusão ao dia 18 de maio, que é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual Contra Crianças e Adolescentes. E isso é uma campanha do Conselho Nacional dos Procuradores Gerais e do Conselho Nacional do Ministério Público, por meio da Comissão de Infância e Juventude e Educação do CNMP e da Comissão Permanente de Infância e Juventude do Conselho Nacional dos Procuradores- Gerais”, discorreu.

A convidada seguinte foi Ana Luiza Calixto, idealizadora do projeto “Bem Me Quer”, que atua contra toda forma de violência infantil e juvenil. A iniciativa é uma ferramenta de cidadania itinerante que atua em catorze estados brasileiros e faz contato dialógico, orientador e lúdico com 890 mil crianças e adolescentes. Além de coordenar a ferramenta itinerante, Ana Luiza também é escritora e autora da cartilha “Bem Me Quer, Mal Me Quer”, um manual de orientação contra o abuso sexual de crianças e adolescentes.

Ela ressaltou a importância da realização de eventos para discutir a temática. “A palavra seminário vem de semente, que é justamente a ideia de plantar uma semente de conhecimento, de informação, para que nós possamos evadir desse panorama tão somente teórico e possamos nos aprofundar, de fato, na prática, na práxis diária da luta de quem faz bonito”, opinou.

Na sequência, foi dada a palavra ao promotor de justiça do Ministério Público do Estado do Ceará (MP/CE) e coordenador auxiliar do Centro de Apoio Operacional da Educação (CAOEDUC), Luiz Cogan. O promotor de justiça ressaltou que a temática sobre violência sexual contra crianças e adolescentes é de grande importância no Ministério Público. Ele citou o projeto “Previne”, que atua no fortalecimento das ações de prevenção da violência contra a criança e o adolescente. “Essas comissões são compostas pelo diretor escolar, por um professor e um funcionário da instituição de ensino”, afirmou. O projeto atua nas escolas da rede estadual e municipal, além de estar presente nas escolas da rede privada. O projeto “Previne” também faz a formação dos membros da comissão, por meio de cursos no formato EaD, que são disponibilizados na plataforma da Escola Superior do Ministério Público (ESMP) e do Centro de Estudos e Aperfeiçoamento Funcional (CEAF).

A segunda adolescente a participar da live foi Maria Eloísa Sousa da Silva, aluna do sétimo ano na Escola Maria Célia Ferreira, na cidade de Assaré (Ceará). Em sua fala, ela explanou acerca do comportamento de crianças e adolescentes que foram abusados sexualmente. “É muito importante você se atentar ao comportamento de uma criança, que diz tudo que ela está passando, tudo que ela está vendo, como é que as pessoas a estão tratando”, disse. A estudante listou cada um dos sinais que uma criança violentada pode demonstrar e deu ênfase na importância da denúncia.

Marcia Monte, que faz parte do Conselho Municipal do Direito da Criança e do Adolescente de Fortaleza (COMDICA), também participou do seminário. Ela informou que o Conselho Municipal irá lançar um plano de enfrentamento, o qual será elaborado juntamente com a sociedade, para combater a violência sexual de crianças e jovens. “Esse tema de enfrentamento à violência é muito importante para todas as cidades e para o país inteiro. E é importante que os projetos que se trabalham na cidade apoiem as crianças e adolescentes a compreenderem e a se empoderarem sobre isso, sobre a autoproteção”, pontuou.

A última participante do seminário foi Karina Figueiredo, secretária executiva do Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual. Em alusão ao 18 de maio, que é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes, Karina ressaltou a importância do engajamento na causa. “Não dá pra gente pensar as ações de enfrentamento à violência sexual sem ouvir e sem ter a participação das crianças e, principalmente, dos adolescentes nesse processo”, concluiu.

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