Fortaleza é a 3ª capital do país onde mais existem crianças trabalhando

Fortaleza é a 3ª capital do país, analisando os números absolutos, onde mais existem crianças, entre 10 e 14 anos, trabalhando. É o que apontam os dados do Censo 2012 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), segundo um levantamento feito pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). 8.519 meninos e meninas ainda trabalham na capital cearense. Somente São Paulo (com 30.869 crianças trabalhando) e Rio de Janeiro (com 10.989) possuem números absolutos maiores que o de Fortaleza. 12 de junho é o Dia Mundial e Nacional de Combate ao Trabalho Infantil.

No ranking das capitais, em termos percentuais, Fortaleza aparece em 11º lugar em índice de trabalho infantil. As cidades de Goiânia-GO (6,58%), Porto Velho-RO (6,44%), Palmas–TO (5,27%), Boa Vista-RR (5,10%) e Macapá-AP (4,95%) são as cinco capitais onde proporcionalmente existem mais crianças trabalhando. Na capital do Ceará, o percentual é de 4,09%.

No Ceará existem 58.825 crianças, entre 10 e 14 anos, trabalhando. O levantamento feito pelo MPT, através do procurador do trabalho Antonio de Oliveira Lima, aponta que o município de Deputado Irapuan Pinheiro possui o maior índice de crianças nessa faixa etária trabalhando. Ali, 23,3% das crianças trabalham, segundo os dados do IBGE. Os municípios de Cruz (20,12%), Caririaçu (19,57%), Quiterianópolis (19,05%) e Salitre (18,54%) formam os cinco com maiores índices de trabalho infantil no Estado.

Em relação do restante do país, o Ceará ocupa a 15ª colocação entre os Estados onde mais há trabalho infantil. No Brasil, segundo o IBGE, ainda existem 1.069.399 crianças em condições de trabalho.

A fim de combater esse problema social, o MPT lançou no dia 5 de junho a Campanha  “Vamos acabar com o Trabalho Infantil”. “O Ministério Público está fazendo a sua parte. Desde o início de maio estamos percorrendo todas as regiões do Estado em caravana a fim de cobrar compromisso dos municípios com uma política mais eficaz pela erradicação do trabalho infantil”, disse o procurador do trabalho e coordenador da Caravana Cearense contra o Trabalho Infantil, Antonio de Oliveira Lima. A Caravana é uma mobilização pelo enfrentamento a essa grave violação dos direitos humanos de crianças e adolescentes. Ela tem como objetivo contribuir para o fortalecimento das ações locais para prevenção e eliminação do trabalho infantil. 

Além dessas ações de conscientização, o MPT desenvolve e coordena o Programa de Educação contra a Exploração do Trabalho da Criança e do Adolescente (Peteca), presente em vários municípios e escolas cearenses a fim de tirar as crianças das condições de exploração.

OUTROS NÚMEROS- Entre 2000 e 2010, o Estado do Ceará saltou do 6º para o 15º lugar no ranking nacional do trabalho na faixa etária de 10 a 14 anos. É o que apontam os dados do censo realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Os dados do Censo 2000 indicaram a existência, à época, de 81.650 crianças e adolescentes de 10 a 14 anos em situação de trabalho no Estado e de 1.142.437 em todo o País. Já o censo 2010 apontou que havia 58.825 meninos e meninas de 10 a 14 anos ocupados no Ceará e 1.069.399 no Brasil.

A colocação do Ceará (15º) no ranking nacional de crianças e adolescente em situação de trabalho dos 10 aos 14 anos, com base nos dados do censo 2010, leva em conta a proporção do trabalho precoce frente à população existente na faixa etária em cada unidade federativa.

HISTÓRIA - O dia nacional de combate ao trabalho infantil (12 de junho) foi criado pela Lei Federal nº 11.542/2007. A Lei Estadual nº 14.178/2008 criou a Semana Estadual de Combate ao Trabalho Infantil. O Brasil tem compromisso com a Organização Internacional-OIT de erradicar piores formas de trabalho infantil até 2016 e, até 2020, eliminar todas as formas de exploração do trabalho precoce.

LEGISLAÇÃO - Conforme a Constituição Federal, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), o trabalho é totalmente proibido até os 13 anos de idade. Entre 14 e 15 anos, é permitido somente na condição de aprendiz. Entre 16 e 17 anos, o trabalho é permitido, desde que não seja em condições perigosas ou insalubres e em horário noturno.

 

RANKING DO TRABALHO INFANTIL NAS CAPITAIS

CAPITAIS

Crianças e Adolescentes de 10 a 14 anos

Total

Ocupadas

Percentual

Ranking

3.642.358

130.949

3,60%

-

Goiânia-GO

99.427

6.542

6,58%

1

Porto Velho-RO

41.256

2.655

6,44%

2

Palmas-TO

21.101

1.111

5,27%

3

Boa Vista-RR

30.309

1.546

5,10%

4

Macapá-AP

45.030

2.227

4,95%

5

Cuiabá-MT

45.449

2.241

4,93%

6

C.Grande-MS

64.689

3.099

4,79%

7

Curitiba-PR

130.149

5.952

4,57%

8

Manaus-AM

180.532

8.051

4,46%

9

Rio Branco-AC

35.699

1.553

4,35%

10

Fortaleza-CE

208.505

8.519

4,09%

11

Maceió-AL

85.275

3.209

3,76%

12

Teresina-PI

70.405

2.636

3,74%

13

São Luís-MA

88.534

3.272

3,70%

14

Belém-PA

119.561

4.337

3,63%

15

São Paulo-SP

867.351

30.869

3,56%

16

Salvador-BA

208.698

7.371

3,53%

17

Belo Horizonte-MG

171.491

5.925

3,45%

18

Brasília-DF

219.091

7.130

3,25%

19

João Pessoa-PB

57.175

1.689

2,95%

20

Vitória-ES

23.629

689

2,92%

21

Florianópolis-SC

28.471

798

2,80%

22

Porto Alegre-RS

100.860

2.659

2,64%

23

Natal-RN

66.167

1.740

2,63%

24

Aracaju-SE

46.797

1.163

2,49%

25

Recife-PE

120.099

2.977

2,48%

26

Rio de Janeiro-RJ

466.608

10.989

2,36%

27

*Tabela elaborada pelo Procurador o Trabalho Antonio de Oliveira Lima (MPT-CE), com base nos Resultados Gerais da Amostra do Censo 2010-IBGE

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